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3) Métodos: são as regras da construção do pensamento histórico, da pesquisa empírica: “Os métodos de pesquisa empírica consistem no exercício de investigação da experiência concreta do passado. É esse processo de efetivação metódica que constitui o que se entende como história enquanto especialidade científica”. (SILVA, 2011, p. 28). Para Rüsen, as histórias só se tornam-se científicas, se “obedecem às regras da pesquisa histórica. Essas regras submetem o pensamento histórico à obrigação de tornar o conteúdo empírico das histórias controlável, ampliável, e garantível pela experiência”, assim, a História como ciência “produz, com essa metodização da relação com a experiência, um progresso constante do conhecimento” (RÜSEN, 2001, p. 108).

            Tomamos a discussão sobre literacia histórica referente à construção de um modo específico de “ler” o mundo em acordo com a ótica da história. Seria um letramento próprio da história, um raciocínio histórico, e que, por isso mesmo, parte de procedimentos relativos à história (LEE, 2006). Por isso a aproximação da aula-oficina com a matriz rüseniana: para dar condições de o aluno do Ensino Médio desenvolver a capacidade de entender o mundo e a si mesmo pelo pensamento histórico. Para tal, seria necessário selecionar a metodologia adequada e concluímos que algumas fontes históricas poderiam ser exploradas em sala de aula.

            Para Peter Lee, a literacia histórica demanda um “compromisso de indagação” com as “marcas de identificação” da história, como “passado”, “acontecimento”, “evento”, “causa”, “mudança”, etc., “o que requer um conceito de evidência” (LEE, 2006, p. 136). Assim, o uso escolar do documento histórico também é uma metodologia didático-pedagógica importante, porque atada à investigação histórica: “os documentos não serão tratados como fim em si mesmos, mas deverão responder às indagações e às problematizações de alunos e professores” (SCHMIDT; CAINELLI, 2009, p. 117). A utilização da fonte documental remete ao fundamento do método histórico, aos processos necessários à construção do conhecimento histórico, seja pelos historiadores, seja pelos professores e alunos em sala de aula: “É preciso construir juntamente com a criança os meios para que ela entenda os procedimentos da construção historiográfica e como o historiador analisa os vestígios nos documentos para escrever história” (CAINELLI; TUMA, 2009, p. 212).

            A análise crítica de fontes em sala de aula produz a capacidade de análise para os materiais culturais com os quais o sujeito se depara no cotidiano, o que dizer que a literacia histórica tende a ultrapassar os muros da escola, adquirindo propósito e/ou sentido para a vida prática. Este seria o princípio fundamentador da aula oficina. Para Isabel Barca a aula oficina segue um princípio investigativo, ou seja, é baseada na pesquisa (do professor e do aluno), na interpretação de fontes e na construção de argumentos (BARCA, 2004).

BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In BARCA, Isabel (Org.). Para uma educação de qualidade. Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga: Centro de Investigação em Educação (CIED)/Instituto de Educação e Psicologia/Universidade do Minho. 2004.

CAINELLI, Marlene; TUMA, Magda Madalena. História e memória na construção do pensamento histórico: uma investigação em Educação Histórica. Revista HISTEDBR On-Line, Campinas, n. 34, p. 211-222. 2009.

LEE, Peter. Em direção a um conceito de literacia histórica. Educar em Revista. Especial. Dossiê: Educação Histórica. 2006.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene Ensinar história. 2 ed., São Paulo: Editora Scipione. 2009.

SILVA, Rogério Chaves da. MATRIZ DISCIPLINAR DE JÖRN RÜSEN: Uma reflexão sobre os princípios do conhecimento histórico. Outros Tempos. v. 8, n. 11, 2011.

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